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Como usar Blockchain para alcançar uma cadeia de suprimentos sustentável

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Por Joe Sellwood

“Alguém já aplicou Blockchain com sucesso ou é só teoria?” perguntou a VP de logística de uma multinacional do setor de logística. Fala-se muito sobre o potencial do Blockchain, mas é difícil imaginar como uma base de dados que consome “Itaipus de energia” pode resolver os problemas socioambientais contemporâneos.

A realidade é que Blockchain tem potencial SIM, até mesmo mais do que podemos dimensionar. (veja aqui nosso artigo “4 sacadas de Blockchain para os grandes desafios mundiais”). No entanto, é necessário compreender que NÃO é uma base de dados por si só que irá alcançar a melhor performance que Blockchain tem a oferecer. O desenvolvimento da metodologia deverá ser composto por uma solução completa de gestão da cadeia que contempla o uso adequado da tecnologia, o engajamento em todos os elos da cadeia, assim como a aplicação de incentivos adequados. Juntos, esses elementos compõem uma aplicação sólida da metodologia Blockchain, podendo resolver as principais questões enfrentadas no Brasil.

Para ilustrar: um desafio real de mercado

Vamos analisar um mercado bem complicado para entender este potencial: a indústria de pescado. O setor tem uma cadeia altamente fragmentada e chega a ter 1 de cada 10 pessoas no mundo dependentes da prática, sendo, em sua maioria, pescadores artesanais, informais, com pouca escolaridade e pouco recurso para investimento. Eles são responsáveis por sustentar um consumo de pescado que dobrou nos últimos 50 anos e já atinge uma escala de US$150 bilhões globais. No entanto, como resultado desse rápido crescimento, 89% do estoque mundial já está ameaçado. Para complicar ainda mais a dinâmica do setor, ele é composto por uma cadeia altamente ineficiente, atingindo taxas de desperdiço que chegam em 50% e, para completar, a cada segundo são roubados ou fraudados de alguma forma 700kg de produto. Resumindo: uma bagunça aparentemente sem salvação.

O mFish: finalmente um caso REAL de sucesso para Blockchain

Um grupo composto por diversas partes interessadas, incluindo a EachMile - empresa parceira da BSR e REVER - começou ponderar como o mercado de pescado poderia ser diferente e tornar-se um meio de conservação e desenvolvimento, tanto para os negócios, quanto para a qualidade de vida dos pescadores.

O primeiro passo: desenho.

Para isso, o primeiro passo foi repensar toda a cadeia de forma “sustentável” – quem são os atores, como promover incentivos, quais são as informações e comportamentos necessários para que a cadeia tenha os impactos sociais, ambientais e econômicos desejados. Durante muito tempo, os pescadores não tinham acesso aos meios para fornecimento de informações importantes, nem recebiam incentivos por essas informações e, muito menos, viam o valor real no compartilhamento de informações. Sempre foi assim. Então como poderia ser diferente?

Cria-se o mFish.

Pensando nisso, o grupo desenvolveu um sistema de entrega de celulares com aplicativos aos pequenos pescadores, possibilitando o acesso a diferentes informações, como as condições de pesca, clima, navegação, valor de mercado em tempo real e até mesmo dicas para redução de seu tempo de mar e custo de operação. Ao mesmo tempo, o sistema captura informações sobre a espécie, localização de cardumes e quantidade pescada, permitindo o desenho mais direcionado de estratégias de conservação. Para conseguir engajar os pescadores de modo que eles fiquem dispostos a fornecer todas as informações necessárias em troca dos dados, foi desenvolvido um sistema de recompensa via criptomoeda, a fishCoin. Essa criptomoeda possibilita que os pescadores paguem sua conexão de internet ou até mesmo revertam em dinheiro no banco.

O piloto foi lançado em 2015, e contou com a participação inicial de 50 pescadores. Cada ator ao longo da cadeia, dos pescadores às cooperativas, brokers, processadores, transportadoras e compradores, validam as informações inseridas utilizando a tecnologia Blockchain. Dessa forma, garante-se a rastreabilidade e a qualidade em todos os elos da cadeia. Os parceiros do mFish redesenharam a cadeia utilizando a tecnologia de uma forma que criassem incentivos e possibilitou a coleta de informações necessárias para uma gestão de cadeia mais sustentável.

O segundo passo: escala.

Aplicando o que foi aprendido com a experiência inicial do mFish, o novo “mFish for Free Basics” foi lançado em outubro de 2016. O relançamento visou pescadores artesanais e foi implantado em parceria com o Ministério de Assuntos Marítimos e Pesca da Indonésia. Nos primeiros 30 dias, mais de 14 mil usuários ativos acessaram a plataforma em smartphones.    

O Terceiro passo: expansão.

Após o lançamento do mFish, a Eachmile com outros parceiros, incluindo a Unilever, lançaram o mFarmer, uma iniciativa semelhante voltada para a capacitação de pequenos agricultores na Indonésia. A iniciativa foi uma demonstração de que o trabalho realizado com mFish é passível de ampliação para outras atividades e setores.

Como aplicar em seu negócio?

A BSR-REVER, juntamente com nossos parceiros internacionais, tem aplicado seu conhecimento sobre cadeias e tecnologia para criar as condições de transparência, rastreabilidade, benefícios ambientais e sociais que o mercado precisa. No Brasil estamos trabalhando com empresas líderes para rever suas cadeias, desde o desenho até a aplicação do modelo estruturado.

Quer saber mais sobre como Blockchain pode ajudar a construir uma cadeia mais sustentável na sua empresa?

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